A palavra política foi criada pelo filosofo Aristóteles, na mesma obra em que criou o conceito da ética.
Definiu a ética como as qualidades que permitem alcançar o maior bem comum.
Definiu a política como a escolha ética de prioridades para conduzir os destinos da comunidade.
Na prática a política se tornou a arte de conquistar apoios para definir as ações que serão executadas em nome da sociedade.
Definir prioridades para um amplo grupo social é administrar uma crise permanente. Na situação atual a função da política é administrar a crise permanente para evitar que se transforme em conflito sangrento, revolução e guerra.
Contrato e conflito
Clausewitz nos ensina que a guerra é a política por outros meios.
O império mundial composto pelos sete países ricos do mundo tem entre seus objetivos a administração da guerra, a padronização dos sistemas de trocas e a inclusão planejada de mercados.
Esse novo império mundial, ordenado pelos mais ricos, foi formado para contrabalanças a perda do poder dos Estados diante do movimento de dinheiro mundial, realizado por empresas globalizadas, longe de qualquer controle nacional. A perda do poder dos Estados diante das empresas globais é um dos conflitos que a política internacional propõe gerenciar. O problema é o cenário estratégico: Se não houver contrato há conflito. Se houver conflito vai aumenta o poder de quem?
Enquanto a globalização promove desemprego e concentração de renda, em escala mundial, a promessa da produção local atingir o mercado global não é realizada.
No Brasil, eleições em 2006
A campanha de 2006 surge num momento de crise de liderança, com a imagem dos políticos abalada.
O IPEA identifica que em todo país, Governos Federal, Estadual, Municipal não conseguem oferecer para a população os serviços públicos previstos na Constituição. Vale dizer que o Governo está na ilegalidade.
Falsa identidade política
Os principais partidos políticos possuem, cada um com seu estilo, teses políticas em comum. Entre elas:
- Modernizar o Estado e garantir os direitos básicos do cidadão.
- Democracia, justiça social e prosperidade como os pilares da sociedade.
- Melhorar qualidade das instituições que regulam a sociedade.
- Reagir fortemente contra posições autoritárias.
- Mudar a situação e de cobrar impostos demais e prestar serviços de menos.
- Desenvolver alianças com novos blocos de países.
O noticiário político da imprensa apresenta fatos e comentários que apontam a ocorrência de uma situação ao contrário deste ideário, demonstrando, no mínimo a falta de consistência dessas teses.
Governo Lula sob fogo amigo
A economista Maria Conceição Tavares, defensora do PT, foi responsável pelo “fogo amigo” no Presidente Lula, em entrevista a revista Carta Capital de 28/12/2005. “O Governo Lula conquistou a melhor relação dívida externa PIB dos últimos 50 anos. A crise cambial mata, mas a crise fiscal esfola. No momento a crise fiscal está esfolando o povo, a classe média e os construtores. Não há investimento público e grupos tradicionais de poder não levam nada.”
“Quem tem sido beneficiado é o pessoal da base da pirâmide de renda. É primeira vez que o governo sobe o salário mínimo com regras. Pela primeira vez se faz um esforço de formalização do mercado de trabalho.”
“Há três boas notícias na Pesquisa Nacional por Amostragem Domiciliar (PNAD) do IBGE: a melhoria nos salários, renda e emprego do pessoal da base da pirâmide de renda.”
“Essa mudança ocorre às custas da classe média, e sem um plano efetivo das autoridades econômicas. O arrocho fiscal de agora é mais violento que o de antes por que a taxa de juros está muito alta.”
“A previdência social (aposentadorias) é o maior programa distributivo de renda do país. As aposentadorias no Nordeste são essenciais para viabilizar famílias inteiras. No Nordeste é onde as ações da Bolsa Família são mais importantes. Também para o Nordeste estão previstos projetos estruturantes como a Ferrovia e a interligação das bacias hidrográficas do São Francisco.”
“A falta de investimento público é uma barreira que precisa superada com a diminuição da taxa de juros e liberação de financiamentos públicos.”
Os obstáculos políticos do Brasil
O equilíbrio das contas e a obtenção de um superávit primário, afetou as políticas dos PSDB e PT. A limitação ideológica acaba colocando em risco a ação para resgate da dívida social, atualmente restrito aos programas de assistência social.
No Congresso continua existindo a dificuldade de articulação da elite que controla a política. Crises sucessivas promovem desgaste das instituições.
Sem maioria no Congresso e sem um projeto político de consenso nacional o Brasil é uma república presidencialista com uma Constituição que dá ao Congresso vantagem parlamentarista, sem o compromisso de aprovar legislações, sem cair o gabinete e sem convocação de novas eleições a cada desencontro legislativo.
Um estado sem projeto e sem força no Congresso não tem capacidade de gerenciar ou perceber a apropriação de parcelas de poder que vem sendo realizados por diversos grupos de interesses particulares: proprietários de terras que obtém perdão para dívidas e mandam matar defensores de matas e terras de índios; organizações dos trabalhadores sem terra que invadem fazendas prontas e o próprio Congresso.
Estes são os desafios aos eleitores de 2006.